A Deusa Cailleach
Cailleach fala:  
Meus ossos são frios, meu sangue é ralo. 
Eu busco o que é meu. O busco o que ainda não foi semeado. Eu busco os animais para cavernas quentes e mando meus pássaros para o sul. Eu ponho meus ursos para dormir e mudo o pelo de meus gatos e cães para algo mais quente. Meus lobos me guiam, seu uivo anuncia minha chegada. Os cães, lobos e raposas cantam a canção da noite, a serenata da Anciã, a minha canção.
Eu disse sim à vida e agora digo sim à Morte. E serei a primeira a ir para o outro lado.
Eu trago o frio e a morte, sim, pois este é meu legado. Eu trouxe a colheita e se você não colheu suas maçãs eu as cobrirei de gelo. Após o Samhain, tudo o que fica nos campos me pertence.
Eu busco o que é meu. O busco o que ainda não foi semeado. Eu busco os animais para cavernas quentes e mando meus pássaros para o sul. Eu ponho meus ursos para dormir e mudo o pelo de meus gatos e cães para algo mais quente. Meus lobos me guiam, seu uivo anuncia minha chegada. Os cães, lobos e raposas cantam a canção da noite, a serenata da Anciã, a minha canção.
Eu disse sim à vida e agora digo sim à Morte. E serei a primeira a ir para o outro lado.
Eu trago o frio e a morte, sim, pois este é meu legado. Eu trouxe a colheita e se você não colheu suas maçãs eu as cobrirei de gelo. Após o Samhain, tudo o que fica nos campos me pertence.
Cailleach  é a própria terra. Ela é as rochas cobertas de musgo e o pico das  montanhas. Ela é a terra coberta de gelo e neve. Ela é a mais antiga  ancestral, velada pela passagem do tempo. Ela é a Deusa da Morte, que  deixa morrer tudo o que não é mais necessário. Mas é também quem  encontra as sementes da próxima estação. Ela é a guardiã da semente, a  protetora da força vital essencial ao ressurgimento da vida após o  inverno. Ela guarda a própria essência do poder da vida. Ela é o poder  essencial da Terra. Nos mitos Celtas representa a Soberania sobre a  terra e um rei só podia reinar após realizar o casamento sagrado com  Ela, que representa o Espírito da terra. 
Cailleach  é uma das maiores e mais antigas Deusas da humanidade, uma Deusa Anciã,  principalmente na Galiza onde algumas teses apontam a raíz no etnónimo  Callaici, nome de uma tribo céltica que vivia na região onde mais tarde  surgiu a povoação celto-romana de Cale - Cale está na base do nome e  fundação de Portugal, enquanto os Gallaici deram o nome a toda a região  do Douro para cima, Galiza incluída.
Cailleach  rege o céu, a terra, o Sol e a Lua, o tempo e as estações. Ela criava  as montanhas com as pedras que carregava em seu avental, mas também  trazia aos homens as doenças, a velhice e a morte. Ela é também um  espírito protetor dos rios e lagos, garantindo que eles não secariam.  Ela controla os meses de inverno, trazendo o frio, as chuvas e a neve.  Mas um de seus principais títulos é Rainha da Tempestade, pois com seu  cajado trazia e controlava as tempestades, particularmente as nevascas e  furacões. 
Cailleach  é a guardiã do portal que leva à parte escura do ano, iniciada no  Samhain e é invocada nos rituais de morte e transformação. Nos mitos da  troca de poder entre deusas, ela recebe o bastão branco dos meses de luz  e o torna negro para os meses de trevas, devolvendo-o à Bright no  Imbolc. Em alguns mitos diz-se que Ela retorna à terra no Imbolc,  tornando-se pedra para acordar somente no próximo Samhain. 
Apesar  de ser considerada uma Deusa Anciã, ela é quase sempre representada com  um rosto jovem, mostra de seu poder de se rejuvenescer constantemente.  Esta deusa possui um aspecto de protetora dos animais selvagens contra  caçadores, principalmente o cervo e o lobo, assegurando bandos  saudáveis. Há um mito antigo que conta que os caçadores oravam a  Cailleach para saber onde encontrar os cervos e quantos matar. Ela os  guiava para a aqueles que podiam ser mortos, desobedecê-la trazia sua  fúria, em forma de ataques de alcatéias para a vila dos desobedientes. 
Esta  deusa também possui um aspecto regedora da saude/ infermidade, sendo  aquela a quem as mães pediam que curasse seus filhos das doenças do  inverno. O Gato é um de seus animais sagrados. Em algumas lendas ela  toma a forma de gato para testar o caráter das pessoas. Em sua forma  humana, ela costumava ir de casa em casa no inverno pedindo abrigo e  comida. Os que a acolhiam contavam com sua eterna bênção e proteção e os  outros eram amaldiçoados e não atravessam o inverno incólumes. São  também sagrados para ela o corvo e a gralha. 
Ela  carrega um caldeirão em uma das mãos e um cajado na outra. Seu cajado  ou bastão lhe conferia o poder sobre o tempo, associada também a crua  honestidade e à verdade.
Outro  mito folclorico é de aparecer como uma mulher velha que pede ao herói  que durma com ela, se o herói concorda em dormir com ela, ela se  transforma em uma linda donzela. 
O  Livro de Lecam (cerca de 1400 E.C.) alega que Cailleach Beara era a  Deusa da qual se originaram os povos da região de Kerry. Na Escócia ela  representa a personificação do inverno, nasce velha no Samhain e fica  cada vez mais jovem até tornar-se uma linda Donzela no Beltane. 
Tese de etimologia da palavra Cailleach:
(...)
a origem do termo Cale (que logo dará lugar à forma latinizada Gallaecia) parte da Deusa mãe dos celtas Cal-leach, pois, segundo ele, era costume romano nomear aos povos conquistados pelo denominação dos seus Deuses. Isto dá, para lembrar-nos, que o nascimento da Calécia/Gallaecia como entidade política, produziu-se após a batalha do Douro e a posterior conquista romana. Para este autor, os celtas do Douro, virão a ser os Cal-laic-us (Calaicos) ou filhos da Deusa mãe dos celtas Cal-leach, cuja referência se tem encontrado numa inscrição na forma de Calaic-ia no lugar de Sobreira, perto do Porto.
Uma  outra analise do radical Cale no âmbito das línguas célticas: Palomar  Lapesa (1957) e Alberto Firmat (1966), liga este com o significado de  «pedra», «rochedo», «duro», cuja expressão se adequa com rigor às  características geológicas e graníticas da cidade, nomeadamente do morro  da Sé.
Para Higino Martins (1990) o vocábulo pré-indo-europeu Kala, definido como «abrigo», «refúgio», passou à língua celta sob a forma Cale e com significação de «terra», «montanha». Para ele, o etónimo Calaico/a viria então a denominar ao «da terra», ao «do lugar».
(...)
Para Higino Martins (1990) o vocábulo pré-indo-europeu Kala, definido como «abrigo», «refúgio», passou à língua celta sob a forma Cale e com significação de «terra», «montanha». Para ele, o etónimo Calaico/a viria então a denominar ao «da terra», ao «do lugar».
(...)







